Arthur Dalmasso
Olá crianças
Até dia 30 de maio na Casa da Memória em Teresópolis se pode conhecer através de fotos, poemas, pinturas ... a vida de Arthur Dalmasso, político, médico e artista de Teresópolis... bem... falar isso é muito pouco ... grudem na Regina Rebello que ela te levará a uma verdadeira viagem no tempo (isso eu adoro)... contará a história de cada foto...cada detalhe... e não perca o vídeo que é passado simultaneamente na exposição... é de chorar de emoção... voltei lá mais uma vez só para acompanhar o encadeamento dos poemas... que resume a pessoa que foi Arthur Dalmasso.
As duas rosas da foto acima ... é uma homenagem a seu poema "Rosas vermelhas" em homenagem a sua primeira esposa que havia falecido de cancer... por conta dessa tragédia... todos os outros poemas que seguem refletem a "irremediável solidão"que ele tanto cita... reproduzo os 3 poemas abaixo... ao ler tenha em mente uma pessoa muito querida que você não deseja que vá pra longe...se não possuir tal pessoa... se coloque na paisagem que ele descreve... só assim você consegue chegar perto do significado de tudo que o Arthur queria dizer... vamos lá?
ROSAS VERMELHAS
No meu quarto
- ponto final
da boemia cotidiana -
cheguei sobre os passos
da tranquilidade inconsequente.
Nenhum sonho,
nenhuma espera,
nenhuma angústia perdida
na moldura do amanhã.
Tão-somente a rotina
a sua rotina
me cirandando a vida.
De repente,
no fundo incerto da noite
duas rosas vermelhas
como gritos de luz
acordaram as rosas densas
da minha inquietude.
Flores que mãos sem maldade,
isentas de intenções,
colocaram no altar
da minha saudade.
Flores que me levaram o pensamento
a esmo
a divagar...
E eu me lembrei,
novamente
que você está nas rosas,
na noite sem fim,
no fundo de mim mesmo,
em meio à solidão,
formando círculos mansamente
no lago triste da minha obsessão.
Você... você... sempre você
A presença de sua ausência
como um desejado martírio
ou torturante devaneio.
Um dia... outro dia
uma angústia... um delírio
e você, sempre você, de permeio.
Eternamente
nas rosas vermelhas,
na noite sem fim,
em meio a solidão,
pingando saudades
mansamente,
Madrugada.
Embriagado de sonhos,
com alguns farrapos de canções,
ainda,
a bailar nos lábios triste,
caminha o boêmio,
irremediavelmente só
envôlto na eternidade.
Para um instante.
Erguendo o olhar
em busca de uma estrêla,
tenta compor um céu...
Recolhe no rosto o beija da garoa
e fica sem saber
se traz os olhos molhados
pela neblina
ou pela ausência das estrêlas...
Apesar de tudo, sorri!
É a eterna esperança,
É a eterna esperança,
talvez,
de outra noite menos só
que ainda lhe embala as ilusões,
pincelando de lirismo
o frio mistério
dos lábios tristes.
Perdido no fundo da noite,
bebendo o orvalho generosos
dos próprios devaneios,
caminha só, o boêmio.
Sempre só!
Irremediavelmente só !
Irremediavelmente só !
O peito lhe arde
em crepitações estranhas
de amor.
Traz nos olhos
a sombria indecisão
das distâncias infinitas.
Nas mãos
a meiguice dos gestos vagos,
e na alma
a tortura sem par
de um eterno desalento.
Apesar de tudo, sorri!
O sorriso tímido da esperança,
talvez,
ou então, quem sabe?
O triste sorriso
da irremediável solidão.
QUANDO EU MORRER
Quando eu morrer,
entristecendo a paisagem
derradeira
do meu último passeio,
quer ter a chuva
minha velha amiga,
por companheira.
Alguns poucos conhecidos,
discretamente pezarosos,
faces entristecidas,
me conduzindo,
sem perceberem, talvez
que é um pedaço
de suas próprias vidas
que estará partindo.
Quando eu morrer,
hão de seguir comigo
os gestos largos de idealismo
que na noite das descrenças
acenderam fachos de esperanças.
Ternuras que apagaram tristezas.
Carinhos que geraram bonanças.
A preocupação constante
de ser bom,
assim como o mal
que possa ter causado
sem me ocorrer,
tudo isto partirá comigo,
afinal,
quando eu morrer.
Se eu souber, no entanto,
que você,
ao ler meus versos tristes,
sentiu-se levemente enternecida,
bendirei toda a luta inglória,
o lirismo inútil
e os sonhos vãos
que acalentei
durante a vida.
Dias felizes a todos !!!
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