O cisne negro: Cruz e Sousa e o dia ensolarado do Guilherme...

Desenho feito para mim (Tia Nany) pelo Gui estrelinha (meu sobrinho) na tarde de domingo... Gui, que por sinal, foi um excelente auxiliar na tarde inteira copiando os CNPJ's das empresas ...me ajudando na declaração do IR... fez essa cruel tarefa ficar mais divertida.(detalhe para as nuvens sorridentes) :) :) :) :) Te amo de muitão Gui e o melhor, sua vaga é cativa.

Olá crianças

Nasci no meio dos livros... cresci no meio dos livros... e muitos livros...kkkk e hoje já estou planejando como administrar tantos os meus livros tb... daqui a pouco vou ser ter que me mudar ou os livros me engolir... mas isso é assunto pra outro post...
Sempre fui apaixonada pelo simbolismo seja ele frances (Baudelaire, Rimbauld, um pouco de Verlaine >>> Verlaine é mais parnasiano... ou não?) ...no Brasil é preciosa essa obra do Andrade Muricy que é um apanhado de todos os autores do simbolismo brasileiro..e o meu exemplar...herdado de mamy é autografado... no Brasil o maior autor do simbolismo foi o Cruz e Sousa e sua obra, que é vasta, sempre me tocou.



O Cisne Negro, como era chamado, nasceu escravo, filho de escravos mas foi educado pelos donos da fazenda e por intermédio deles teve contato com o melhor que a educação da época podia proporcional... nasceu em Santa Catarina mas foi para o Rio de Janeiro em 1890... teve uma vida de luta e no meio da luta escreveu sonetos perfeitos em métrica e que nos levam a viagens as vezes astrais...

Ele realmente tinha os pés na terra e a cabeça nas nuvens... viveu graças aos amigos: Nestor Victo, Mauricio Jubim, Tiburcio de Freitas...todos poetas ...foram os que receberam seu corpo de volta ao Rio de Janeiro trazido no vagão dos cavalos sem ter caixão... o maior poeta do simbolismo teve esse fim... e deixou uma obra imensa que muitos não conhecem.
Seu último livro foi publicado por esforços do Nestor Victor e é o melhor dos livros.

A obra completa de Cruz e Sousa é o livro dos livros por causa disso..nesse livro se pode ver toda a tragetória do Cruz e Sousa... sonetos e contos..e também as cartas que ele escrevia aos amigos muitas vezes a pedir dinheiro. Mas nunca ele levou os problemas para os poemas... pelo contrário... os poemas o levava para o mundo ideal na maioria das vezes...enfim uma maravilha de autor.
Uma obra pra ler e pensar... segue dois poemas do mestre tente ler construindo a cena que o poema guia... é uma viagem maravilhosa. Não posso deixar de mandar um beijo para o Marcello, grande amigo,poeta, músico, que já debateu muito comigo sobre essa obra perfeita. Luz, pra sua vida, meu amigo.

Plenilúnio

Vês este céu tão límpido e constelado
E este luar que em fúlgida cascata,
Cai, rola, cai, nuns borbotões de prata...
Vês este céu de mármore azulado...
.
Vês este campo intérmino, encharcado
Da luz que a lua aos páramos desata...
Vês este véu que branco se dilata
Pelo verdor do campo iluminado...
.
Vês estes rios, tão fosforescentes,
Cheios duns tons, duns prismas reluzentes,
Vês estes rios cheios de ardentias...
.
Vês esta mole e transparente gaze...
Pois é, como isso me parecem quase
Iguais, assim, às nossas alegrias!


FRUTAS DE MAIO

Maio chegou -- alegre e transparente
Cheio de brilho e música nos ares,
De cristalinos risos salutares,
Frio, porém, ó gota alvinitente.

Corre um fluido suave e odorescente
Das laranjeiras, como dos altares
O incenso -- e, como a gaze azul dos mares,
Leve -- há por tudo um beijo, docemente.

Isto bem cedo, de manhã -- adiante
Pela tarde um sol calmo, agonizante,
Põe no horizonte resplendentes franjas.

Há carinhos, da luz em cada raio,
Filha -- e eu que adoro este frescor de maio
Muito, mas muito -- trago-te laranjas.

Cruz e Souza

"Toda a poesia é luminosa, até a mais obscura. O leitor é que tem às vezes, em lugar de sol, nevoeiro dentro de si. E o nevoeiro nunca deixa ver claro. Se regressar outra vez e outra vez e outra vez a essas sílabas acesas ficará cego de tanta claridade. Abençoado seja se lá chegar..." (Eugénio de Andrade)

"A poesia não é uma expressão do ser do poeta. É uma expressão do não-ser do poeta. O que escrevo não é o que tenho; é o que me falta. Escrevo porque tenho sede e não tenho água. Sou pote. A poesia é água". (Rubem Alves)



Dias felizes a todos !!

Comentários

A poesia é realmente um fenômeno fantástico, mais do que sede, e vazio...a poesia é uma doença como já dizia Cervantes:

“¡Ay, señor! – dijo la sobrina -, bien los puede vuestra merced mandar quemar como a los demás, porque no sería mucho que, habiendo sanado mi señor tío de la enfermedad caballeresca, leyendo éstos se lê antojase de hacerse pastos y andarse por los bosques y prados cantando y tañendo, y, lo que sería peor, hacerse poeta, que según dicen es enfermedad incurable y pegadiza.”
Davi Machado disse…
ah! Cruz e Sousa!
é tanto! coincidência, estou relendo Broquéis e Faróis... precisava recordar este "Mouro Alucinado"

felicidades!!!

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